segunda-feira, 19 de março de 2012

As Rosas não falam

As Rosas Não Falam Cartola Bate outra vez Com esperanças o meu coração Pois já vai terminando o verão, Enfim Volto ao jardim Com a certeza que devo chorar Pois bem sei que não queres voltar Para mim Queixo-me às rosas, Mas que bobagem As rosas não falam Simplesmente as rosas exalam O perfume que roubam de ti, ai Devias vir Para ver os meus olhos tristonhos E, quem sabe, sonhavas meus sonhos Por fim
"As rosas não falam" (Cartola II, 1976) é uma pérola que mostra bem a habilidade do cancionista: primeiro porque é daquelas canções que comentam a si mesma; e segundo porque a mensagem, de tão simples e singela, tem forte impacto emotivo: pétala por pétala, podemos sentir o abandono do sujeito no mar do sentimento. Ao dizer que as rosas não falam, o sujeito da canção, que, por ventura, poderia ter seu canto preterido pela beleza das rosas, persuade o outro a lhe ouvir: ouvir o canto de amor. Enquanto as rosas apenas exalam o perfume que roubam do outro, ele, sujeito da canção, que prefere a beleza da mulher amada à beleza das rosas, compõe o canto de esperança no afeto.

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